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Um embate entre paroquianos da Igreja de Sanjiang e o governo provincial de Wenzhou terminou recentemente com a destruição, pelo governo, de uma megaigreja de 4.000 assentos por violação das leis de construção. Em Beijing, oito membros da igreja não registrada e independente de Shouwang foram detidos pelo Gabinete de Segurança Pública. Esses eventos, entre outros fatores, parecem apontar para a emergência de uma campanha para limitar o crescimento e a influência do cristianismo.

Mas é fácil perder de vista a conexão entre esses incidentes e a natureza mutante das igrejas chinesas e da própria China — e como isso atinge a relação das igrejas com o estado na China. A destruição da igreja em Wenzhou, por exemplo, desmente a noção de que o cristianismo na China é pobre, impotente e enfrenta grandes dificuldades. Wenzhou é uma das “cidades em alta” em termos econômicos e espirituais. Hoje, os cristãos em Wenzhou reúnem-se em centros de culto bem equipados, acomodando milhares de fiéis. Agora, os cristãos representam grandes negócios e interesses sociais nas megacidades que estão crescendo na China.

Decerto, o crescimento do cristianismo em tamanho e em estatura social incomoda alguns altos oficiais. Dadas as reações diversas e confusas vindas de diferentes camadas dos oficiais governantes, poderia parecer que permanecem algumas desavenças quanto à maneira de reagir às mudanças na situação. Entretanto, parece que a destruição de prédios e cruzes das igrejas têm sanção do governo central. Desse modo, refletem a cautela crescente para com o cristianismo por parte de líderes governamentais.

Se o governo iniciasse uma campanha nacional contra o cristianismo, haveria grande probabilidade de fracasso, exacerbando a dissensão interna e alienando um eleitorado importante na própria China. Internacionalmente, prejudicaria relacionamentos chaves.

As igrejas da China continuarão crescendo e exercendo grande influência em todos os níveis da sociedade. Em termos do estado, pode-se assumir que, com o tempo, mais políticas moderadas prevalecerão.

Alguém poderia esperar que os líderes da igreja chinesa fizessem alguma reflexão sobre si mesmos e até autocrítica, por causa desses reveses. O triunfalismo que procura apresentar o cristianismo valendo-se de grandes construções e acúmulo de poder, riqueza e influência, em lugar da humildade e da cruz, está fadado ao fracasso.

Os cristãos em todo o mundo devem expressar preocupação com os incidentes recentes e instar moderação às igrejas na China, sejam elas registradas ou não. Para vencer a desconfiança dos oficiais públicos, devem também insistir para que os cristãos na China trabalhem pelo bem comum e assumam posição pessoal e pública contra a corrupção.

Também é importante perceber que a relação entre as igrejas, a sociedade e o estado tem mudado de maneira radical ao longo dos últimos vinte anos e que nossas noções antiquadas das igrejas nos lares na China são anacrônicas. Além disso, assim como a China vem crescendo em importância como líder em política e negócios internacionais, sua importância na liderança eclesiástica global está começando a ganhar forma. De modo que, assim como o tamanho, a força e a influência da igreja chinesa chamaram a atenção do governo chinês, assim também devem captar a atenção da igreja global.

Thomas Harvey é o reitor acadêmico do Centro de Estudos de Missões de Oxford, em Oxford, Reino Unido. De 1997–2008 – ele serviu como professor sênior de teologia sistemática na Trinity Theological Seminary College em Singapura.

David Ro é o diretor regional do Leste Asiático de Lausanne e diretor do Centro de Missões Mundiais J. Christy Wilson no Seminário Teológico Gordon-Conwell.