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O que veio a ser conhecido como o evangelho da prosperidade está associado principalmente com os ensinos pentecostais contemporâneos. Os pentecostais contemporâneos distinguem-se dos pentecostais clássicos por sua ênfase no evangelho da prosperidade, com seu foco em coisas materiais como indicadores do favor divino.

Hoje, muitas outras igrejas também pregam variações da prosperidade material, especialmente na África. Há aspectos dela que dão ênfase ao esforço no trabalho e ao desenvolvimento pessoal, mas, em geral, o evangelho da prosperidade promove o materialismo em lugar do tipo de abundância descrita no Salmo 1, como a porção daqueles que andam no conselho do Senhor. O evangelho da prosperidade é baseado em certas porções seletas da Escritura. Entre as passagens favoritas estão: Deuteronômio 28.1-14, Gálatas 3.14 e 3 João 2.

O evangelho da prosperidade simplesmente ensina que os crentes em Jesus Cristo, como parte de sua herança de Deus nesta vida, têm direito a certas bênçãos espirituais e físicas. Esse ensino, na África, tem levado jovens a se demitirem prematuramente para começar seus negócios e pastores jovens a romperem com seu grupo para começar ministérios próprios. Há alguns bem sucedidos, mas os desastres também são muitos.

O que causa preocupação entre os cristãos evangelicais em especial é a ênfase desse evangelho em coisas materiais como principais indicadores do cristianismo fidedigno. Essa mensagem tem atraído preocupações por causa de sua hermenêutica de textos-prova — assumindo posições sobre as questões e procurando passagens bíblicas para justificá-las sem considerar o contexto — isso leva à negligência para com temas cristãos fundamentais como uma teologia sadia da cruz.

O apelo à Escritura explica por que o evangelho da prosperidade às vezes é referido como prosperidade bíblica. Seu problema não está no uso da Escritura para incentivar os ouvintes a crerem em Deus e fazerem alguma coisa em relação às circunstâncias na vida. Aliás, há partes dessa mensagem que podem ser consideradas incentivadoras, mas elas se reduzem à insignificância quando comparadas aos aspectos heréticos que apresentam a vida luxuosa e extravagante como um direito dos cristãos fiéis. Perturba ainda mais quando, ao delinear os princípios da prosperidade, Jesus Cristo é citado como alguém que levou um estilo de vida materialista pelas escolhas que fez na vida.

O evangelho da prosperidade tem dificuldades em lidar com a dor e o desapontamento. Ela deixa muitos membros de igreja sem testemunho porque sua situação material não reflete a bênção de um Deus que está ali para privilegiar seus filhos, favorecendo-os e fazendo-os prosperar desde que estes paguem seus dízimos e ofertas.

O dinamismo dos novos movimentos evangélicos, tais como o pentecostalismo contemporâneo, tem atraído um número significativo de seguidores na África. Isso significa que gerações de jovens cristãos estão crescendo com uma predisposição mental para a prosperidade que dá a entender que podemos passar ao largo das dificuldades da vida diária quando aplicamos os princípios da prosperidade.

Em reação, é preciso cuidado para não demonizar a riqueza e as bênçãos materiais. Há comunidades na África em que, ao chegar a Cristo, as pessoas recebem ajuda para poupar dinheiro para propósitos construtivos. É o materialismo que precisa ser condenado e não as bênçãos materiais obtidas pelo trabalho duro.

A propagação da mensagem da prosperidade gera um desafio importante para a missão cristã em nossos dias, especialmente porque muitos jovens em ascensão são atraídos por suas promessas. Hoje, os empreendimentos missionários e o estudo teológico precisam continuar articulando respostas sólidas a um evangelho que parece fascinante, mas é alheio aos valores sustentados pelo Senhor da missão, Jesus Cristo.

J Kwabena Asamoah-Gyadu é professor de Cristianismo Africano Contemporâneo e de Pentecostalismo no Trinity Theological Seminary, em Legon, Gana, e integra o Grupo de Trabalho Teológico de Lausanne.