Análise Global de Lausanne · Janeiro de 2018 • Volume 7 / Edição 1
O evento que assinalou o lançamento da rede temática Ministério Estudantil Internacional (ISM, do inglês International Student Ministry) no quadro global foi o Fórum Lausanne em 2004, na Tailândia. Aqui, o ministério com as diásporas e com estudantes internacionais foram apresentados como grupos estratégicos de especial interesse para o ministério. O Artigo de Lausanne n.º 55, Diasporas and International Students: The New People Next Door (As diásporas e os estudantes internacionais: os nossos novos vizinhos), elaborado em conjunto pelos grupos de Diásporas e ISM no Fórum, validou o ISM em todo o mundo como uma missão importante e estratégica.[1]
O primeiro encontro mundial de líderes do ISM decorreu em setembro de 2017, com o nome Lausanne ISM Global Leadership Forum: Charlotte’17, com mais de 100 líderes de 70 organizações e 23 países.[2]
O caminho está agora preparado para que o movimento ISM aprofunde as suas raízes à escala global. É necessário que todos nos envolvamos, pois os estudantes com mobilidade internacional continuam a aumentar, ao passo que o número de obreiros e ministérios direcionados a eles continua a ficar para trás.
Deus está a enviar o campo missionário às nossas universidades sob a forma de cinco milhões de estudantes internacionais atualmente em todo o mundo, número este que aumentará para oito milhões em 2025, segundo as previsões. A Europa e a América do Norte têm sido os principais destinos dos estudantes internacionais nas últimas seis décadas, mas a região da Ásia-Pacífico está a atrair cada vez mais estudantes estrangeiros. Este fenómeno deve-se ao facto de vários países terem alvos nacionais de recrutamento de estudantes lucrativos do estrangeiro. Por exemplo:
Ao longo dos 40 anos em que trabalhei como mobilizador da Igreja para o ISM, sempre defendi a necessidade básica de partilhar dois mandamentos bíblicos, praticar a hospitalidade e receber o estrangeiro, e as bênçãos multifacetadas e mútuas existentes no ministério com estudantes internacionais. Porquê? Porque sem visão não há envolvimento.
Tal como Jesus fez com as multidões em Mateus 9:36-38, um pastor ou líder missionário precisa de «ver» a presença providencial dos estudantes internacionais (os futuros influenciadores do mundo) que estudam nas suas universidades, para poder sentir compaixão deles ou ser compelido a estender a hospitalidade de Deus às ovelhas perdidas de muitas nações.[3] Embora a importância estratégica do ISM seja óbvia, as lideranças da igreja e das organizações missionárias têm, muitas vezes, andado alheadas.
Em 1975, um antigo estudante internacional proferiu uma mensagem impactante na World Missions Conference (Conferência Mundial de Missões) da Igreja de Park Street, em Boston. Essa mensagem, intitulada «The Great Blind-Spot in Missions Today» (O grande ângulo morto das missões na atualidade), abordava o ministério com estudantes internacionais, e como a igreja muitas vezes não conseguia ver o potencial tremendo para missões mundiais que existia neste segmento.
Oportunidades missionárias
Este ângulo morto tem vindo a diminuir gradualmente nas últimas quatro décadas, à medida que a igreja vem ganhando visão para o desenvolvimento estratégico deste ministério, e aprende a compreender melhor as oportunidades de missão entre estudantes e investigadores internacionais:
Impacto dos estudantes internacionais
Os estudantes internacionais são líderes mundiais em potência (politicamente e nas suas profissões), construtores de nações e agentes transformadores.
Além disso, os cristãos que regressam aos seus países podem desempenhar papéis importantes no estabelecimento da igreja global; muitos dos principais líderes evangélicos recentes na Malásia e em Singapura estudaram na Austrália nas décadas de 1960 e 1970.
John Sung tornou-se cristão nos EUA, na década de 1920, regressando à China como evangelista; o avivamento naquele país espalhou-se como brasas vivas. Bakht Singh, um sikh, foi atraído a Cristo durante uma estada de vários meses para estudar no Reino Unido e no Canadá. Recebeu Cristo e regressou à Índia como evangelista, tal como John Sung na China e na Ásia Oriental: «O modelo de plantação de igrejas inspirado no Novo Testamento de Bakht Singh multiplicou-se para mais de 500 congregações na Índia e 200 no Paquistão, contando ainda algumas na Europa e na América do Norte.’[4]
Informadores e instrutores
Os estudantes internacionais também podem servir de «informadores» e «instrutores» no avanço do movimento missionário. Duas enormes viragens missões, nos séculos XIX e XX, foram desencadeadas pelo papel de informadores de estudantes internacionais:
O papel dos estudantes internacionais no avanço da compreensão acerca de missões e das suas necessidades tem sido tremendo. E eles continuarão a ser instrutores valiosos, se estivermos dispostos a ouvi-los e a aprender com eles.
Eles também são dádivas de Deus à nação e à igreja que os acolhe: um seminarista africano foi fundamental na conversão de um sacerdote episcopal nos EUA, que mais tarde se tornou bispo e teve um papel essencial na corrente evangélica da Igreja Episcopal Norte-americana. Essa corrente chegou à nova denominação Igreja Anglicana na América do Norte (ACNA) e, por sua vez, agora existem interesse e movimento significativos entre líderes e missionários anglicanos para desenvolver o ISM na ACNA.
As igrejas locais estão a descobrir o quão enriquecedor é ter um ministério com estudantes internacionais:
A realidade é esta: a maioria dos cristãos não são «chamados» para servir como missionários profissionais a longo prazo, ou para levantar o seu próprio sustento como fazedores de tendas noutro país. Porém, ficar na nossa terra natal não significa que não nos podemos envolver no ministério transcultural e global. O ISM é uma forma de participar em missões mundiais sem sair de casa.
Qual é o seu contexto ministerial? Quais são os passos seguintes que pode considerar
ao explorar um método para a inclusão do ISM no plano estratégico do seu ministério?
Se a base do seu ministério é uma igreja, existem alguns ISM na sua área com os quais poderia colaborar? Se não é o caso, e há estudantes internacionais na comunidade, talvez os membros possam voluntariar-se para serem «famílias anfitriãs/amigas» através do departamento de estudantes internacionais da universidade local, ou parceiros de conversação num instituto de línguas da zona.
No caso de ministérios já baseados na universidade, de que forma pode o ISM ser promovido e, quem sabe, desenvolvido intencionalmente, nos planos já existentes?
Tratando-se de uma agência missionária, será que o ISM deve ser adotado na formação de missionários antes de partirem para o campo, e também como uma opção de continuidade para missionários regressados e reformados? De que forma podem os estudantes internacionais cristãos contribuir enquanto potenciais informadores, mentores e promotores antes e depois de regressarem a casa?
As perguntas acerca do envolvimento no ministério com estudantes internacionais, recursos e eventos futuros relacionados com este tópico poderão ser enviadas para o Dr. Yaw Perbi, Presidente da International Student Ministries Canadá, e para Emma Brewster, Coordenadora Internacional para a Interação com a Universidade da SIM, os novos co-catalisadores de Lausanne para o ISM, em [email protected], e [email protected] respetivamente.
Leiton Edward Chinn tem mobilizado a igreja para o ministério estudantil internacional desde 1977 e cumpriu o 10º aniversário como Catalisador de Lausanne para o ISM em 2017. Serviu como Presidente da Association of Christians Ministering among Internationals [estudantes] de 1999 a 2008. Leiton é casado com Lisa Espineli Chinn, antiga Diretora Nacional de ISM da InterVarsity USA, que foi estudante internacional oriunda das Filipinas na Wheaton Graduate School.