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Dentro do ministério do construtor de armários

Sara Kyoungah White 06 maio 2019

Há quarenta anos, Steve Bell começou a construir armários em sua garagem. Apesar da origem humilde, com o passar das décadas, o negócio de fundo de quintal se transformou na Bellmont Cabinet Co., -uma empresa vencedora de prêmios que se especializa em armários minimalistas sem ‘armação’, um design pioneiro do Steve.

Steve é pioneiro em mais áreas além da carpintaria – ele está redefinindo o local de trabalho e o que significa ser um cristão que trabalha.

Deus ama os armários

“Quando eu estava crescendo, tinha a sensação de que se você é realmente chamado à fé, então você vai entrar no ‘verdadeiro trabalho cristão’, o serviço cristão em tempo integral – qualquer outro trabalho seria comprometer-se”, lembra Steve, cujos pais ficaram desapontados por ele não querer seguir os passos de seu pai para o ministério pastoral.

Um dia na universidade, ele estava lendo a obra de RG LeTourneau Mover of Men and Mountains [Aquele que move homens e montanhas, em tradução livre]. Ele leu uma parte onde, após anos de dificuldades, o autor finalmente começou a experimentar o sucesso em sua fábrica. Esse sucesso causou um tremendo sentimento de culpa.  LeTourneau vai para seu pastor e diz “Você acha que eu deveria vender meu negócio e me tornar um missionário na China ou algo assim?” Em resposta, o pastor diz “Bob, você não entende? Você não entende que Deus precisa de empreendedores tanto quanto ele precisa de pastores e professores e missionários?”

Foi então que a ficha caiu para LeTourneau, que acabou se tornando um dos grandes industrialistas da época da segunda guerra mundial, e lendo isso foi também o momento em que caiu a ficha para Steve. Ele percebeu pela primeira vez que seus sonhos e desejos de ser empreendedor e ter uma fábrica não eram motivo para se sentir culpado, mas sim uma convicção do Senhor.

“Acredito que tenhamos gerações inteiras que crescem na igreja e não entendem a importância do seu trabalho e como Deus projetou todo ser humano não apenas para trabalhar, mas para desejar trabalhar; que sua energia criativa está passando por nós e é expressa no trabalho de nossas mãos e mentes ”, diz Steve. “Deus não ama somente a pessoa que faz os armários; ele ama os armários também.” Ele ama o trabalho que fazemos. Eu tenho mais de 300 funcionários aqui que saem de casa todos os dias e eles trabalham pesado para fazer algo que é lindo.  E Deus ama o que é lindo.”

É uma tragédia que frequentemente a igreja e o local de trabalho sejam vistos como entidades à parte. Mas Steve diz que o relacionamento entre ambas é parecido com uma batida de coração: o sangue entra para ser energizado com oxigênio, então ele saí e faz o trabalho no corpo. “Da mesma forma, a igreja é onde nos recarregamos para que possamos viver nossa fé da segunda ao sábado.” É um bater do coração que claramente atravessa tudo que o Steve faz no Bellmont Cabinet Co.

Vestindo sapatos de trabalho na fé

“Este prédio com mais de 18 mil metros quadrados e 300 funcionários – este é o meu ministério. Esta é minha igreja. É aqui que Deus me envia regularmente para ser um canal de sua graça”, diz Steve. “Queremos que todos que tocarem a Bellmont vejam Cristo refletido em tudo que fazemos em nosso negócio.”

(Vídeo disponível somente em inglês)

Todos os aspectos da cadeia de produção da Bellmont, começando com os funcionários, são resultado da fé de Steve. A fábrica tem capelães disponíveis para todos, que se esforçam para conhecer as pessoas. Na loja os funcionários têm a liberdade de rir, escutar música e curtir a companhia uns dos outros ao trabalharem – uma cultura intencional que deseja manifestar um Deus que traz alegria em  toda a vida.

Bellmont também tem um fundo para apoiar as famílias de funcionários que estão passando por dificuldades financeiras. “O apartamento de uma pessoa pegou fogo e ele perdeu tudo. Ele literalmente pulou da janela comente com a roupa do corpo,” disse Steve. “A Bellmont pode ajudá-lo com roupas e móveis, e os primeiros e últimos meses de aluguel para que ele pudesse se reestabelecer.”

Nos últimos vinte anos, o Steve tem levado grupos de funcionários em viagens curtas para países como El Salvador, Papua Nova Guiné, Congo e Letônia, onde eles voluntariam suas habilidades para ajudar com diversos projetos de construção.  Eles construíram orfanatos, hospitais e centros de tradução, além de terem desenvolvido relacionamentos profundos com as pessoas que conheceram. Steve só pede o desejo de ir e uma atitude servil – sua empresa paga por metade, ou às vezes todos os custos, da viagem.

Alguns de seus funcionários conheceram ao Senhor através dessas viagens ao verem o amor de Cristo refletido de forma tão objetiva e tangível. Ele lembra como há dois anos atrás, um membro da equipe foi salvo durante a viagem e batizado ali mesmo no Mar Báltico. “Foi um dos pontos altos da minha vida,” diz Steve. Outro colega encontrou a Cristo em uma viagem à Letônia, trabalhando em um acampamento para jovens. Alguns anos depois ele foi diagnosticado com câncer nos ossos e faleceu; mas ele viveu para Cristo até o fim – como resultado da viagem à Letônia.

Steve sabe que a forma que ele conduz os negócios não é o normal no setor, mas é normal para ele.  “Eu sinto que é assim que devemos viver nossa fé,” ele diz. “Precisamos vestir sapatos na fé e seguir aonde a sola encontra a rua.” Nos envolvemos nas vidas de nossas pessoas que derramam sua vida na empresa, então derramamos nossa vida de volta neles. É assim que deveria ser.”

Fechando o círculo com Billy Graham

Recentemente Steve foi selecionado para participar do Fórum Mundial do Trabalho (FMT) do Movimento de Lausanne em junho.  Ele participará com os demais 750 convidados que, como ele, estão impactando o local de trabalho em 120 países, para começarem um movimento mundial de ministério no local de trabalho.

Para Steve, sua conexão com o Movimento de Lausanne e o FMT começou 70 anos atrás, quando seus pais se tornaram amigos do falecido fundador do Movimento, Billy Graham. Steve serviu em diversos cargos de gerência nas cruzadas estrangeiras do Billy Graham, e isso criou a base e visão para seu atual ministério no local de trabalho com a Bellmont e suas viagens de construção no exterior.

À medida que Steve se prepara para sair de sua empresa e deixá-la sob o cuidado de seus dois filhos, ele está de fato fechando o círculo. “O maior impacto que aquelas viagens [com Billy Graham] tiveram em mim foi que eu percebi que Deus não está limitado à nossa caixinha ocidental evangélica. Ele tem uma caixa bem maior e um plano bem maior e uma visão de mundo muito maior do que sequer conseguimos imaginar,” ele disse. “Estou muito animado pra ver novamente o quadro mais amplo no FMT.”

Nos próximos anos, o Steve espera liderar mais equipes para viagens ao exterior para projetos voluntários de construção, além de oferecer treinamento a jovens líderes empreendedores, e se juntar às mulheres e homens ao redor do mundo que levam adiante o legado do Billy Graham aos locais de trabalho em todo o mundo.

Ore conosco
por Steve Bell

Senhor, por favor nos ajude a compreender o quão importante o nosso trabalho é para ti e para teu reino na terra. Tu n Tu nos criaste de acordo com sua imagem. Como resultado, temos a habilidade de sermos criativos. Ajude-nos a ver que podemos compartilhar tua graça através da aplicação de nossas habilidades e talentos que tu nos deste. Oramos para que tudo que fizermos seja feito para tua glória e para que os outros possam vê-lo refletido no nosso trabalho.

Author's Bio

Sara Kyoungah White

Sara Kyoungah White é a editora sênior e estrategista de conteúdo do Movimento de Lausanne.